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Especialista Explica | Dezembro Laranja | Câncer de pele pode ser resultado de exposição inadequada ao sol desde a infância, alerta patologista

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É de conhecimento da população que o risco do câncer de pele é decorrente da exposição prolongada e sem os cuidados necessários ao sol, por isso, o efeito da radiação ultravioleta (UV) – radiação eletromagnética proveniente do sol e com alto poder de penetração na pele – ocorre em pessoas submetidas à exposição solar, como lavradores, carteiros e surfistas. No entanto, nem sempre as pessoas sabem que esse tipo de tumor ocorre porque essa radiação atinge o núcleo das células, onde está guardado o DNA.

O Dr. Gilles Landman, médico patologista especialista em doenças da pele e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), explica que a radiação UV danifica o DNA e provoca mutações cumulativas que, a longo prazo, superam a capacidade de reparo do organismo que começa a sofrer seus efeitos: “Com isso, há o crescimento descontrolado de células podendo resultar em um tumor maligno e que em alguns tipos de câncer, como o melanoma, pode se disseminar, gerando as chamadas metástases”.

O especialista faz um alerta para que os familiares das crianças acima de 6 meses tenham cuidado com a exposição delas ao sol, evitando o período onde a radiação UV é mais intensa. Crianças até os 6 meses não devem ser expostas aos raios solares porque os melanócitos, células especializadas na produção da melanina a qual protege contra essa radiação, ainda são imaturas.

“É no período das 10 às 16 horas que há a maior incidência da radiação. É preciso que a população entenda que as principais alterações no DNA acontecem até os 18 anos, mesmo que a pessoa só tenha o câncer com seus 50 ou 60 anos. Então, muito cuidado com as crianças e os jovens”, salienta Landman, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O efeito da radiação UV que causa danos ao DNA é mais observado em algumas doenças hereditárias. Dessa maneira, quando uma pessoa possui o xeroderma pigmentoso, doença genética não contagiosa caracterizada pela extrema sensibilidade à radiação, seu organismo não tem a capacidade de reparar o DNA afetado pela exposição ao sol. “Tais indivíduos desenvolvem o câncer de pele logo cedo, com 15 ou 20 anos”, complementa o especialista.

No entanto, o câncer de pele é mais frequente após os 40 anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). E em geral, esse tipo de tumor é classificado em dois tipos. O câncer de pele não-melanoma ocorre na superfície da pele. Embora menos agressivo, se mal diagnosticado ou não tratado, pode se tornar agressivo. É mais frequente na região da face (área mais exposta ao sol). Dados do INCA estimam 176.930 novos casos e 2.616 mortes desse tipo de tumor no Brasil todos os anos.

Já o câncer de pele melanoma é mais raro, porém, mais agressivo e possui uma estimativa do INCA de 8.450 casos e 1.978 mortes no País anualmente. “Imagino que esse tipo de tumor seja subnotificado, pois vê-se muitos casos no Sul e Sudeste do Brasil. Ele é originário nas células que protegem contra a radiação UV, os chamados melanócitos”, pontua Landman. O especialista orienta à população prestar atenção em pintas que crescem, mudam de tamanho ou sangram e procurar o médico dermatologista para que realize os exames clínicos e procedimentos médicos necessários.

Diagnóstico preciso – Para um diagnóstico preciso, o dermatologista solicita uma biópsia, que é quando um fragmento do tecido afetado é retirado e encaminhado para a análise do médico patologista em laboratório. Este especialista além de confirmar o câncer, identifica outras características, entre elas, o tipo do câncer, sua profundidade e o grau de agressividade.

“O profissional que dá o diagnóstico de fato é o patologista. E se o câncer de pele for mais profundo, grande e diagnosticado muito tardiamente, a probabilidade de cura diminui muito. Por exemplo, em um melanoma que tenha acima de 4 milímetros de profundidade e que não for tratado, a estimativa é de que em 5 anos metade dos pacientes diagnosticados cheguem a óbito. Já em tumores com menos de 1 milímetro, a chance de cura é de até 95%. Estou falando de milímetros”, alerta Landman.

A partir do diagnóstico pelo patologista, o médico clínico tem condições de definir o melhor tratamento, que vai desde a cirurgia para retirada do tumor até sessões de quimioterapia. Mais recentemente, conforme o caso, há tratamentos inovadores que vêm sendo utilizados como a imunoterapia, que melhora a capacidade imunológica do paciente de responder ao câncer, e a terapia alvo a qual usa medicamentos projetados para atingir alvos específicos, como proteínas, enzimas ou genes mutados que desempenham papel fundamental no crescimento e na sobrevivência das células tumorais.

“Com esses tratamentos é possível curar ou controlar a doença de uma porcentagem significativa de pacientes. Exatamente por causa de tratamentos como as terapias alvo, existe outro papel importante do patologista, que é fazer a ponte entre a Patologia tradicional com a Patologia molecular. Assim, por meio do teste de imuno-histoquímica conseguimos identificar qual proteína está sendo produzida a partir de uma alteração genética ou estudar o DNA diretamente e indicar uma linha de tratamento ao clínico”, diz o especialista.

Diante da celebração do Dezembro Laranja, mês de conscientização do câncer de pele, Landman reitera à população a importância de evitar a exposição ao sol, particularmente, das 10 às 16 horas, e do uso de roupas adequadas, de bonés, chapéus e óculos escuros que protejam áreas como os braços e o rosto, além do uso de protetor solar com fator mínimo de 30 e com reaplicação a cada 2 horas: “Isso inclusive em dias nublados, porque a radiação UV ultrapassa as nuvens e existe mesmo com o mormaço”, conclui.

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