O próximo sábado, dia 5 de outubro, é marcado pelo Dia Mundial da Meningite, data que coloca em pauta a importância da proteção contra a doença. De acordo com dados de um novo estudo realizado pelo Instituto Karolinska, na Suécia e publicado pela revista científica Jama, cerca de um terço das crianças que tiveram meningite bacteriana apresentam sequelas neurológicas, com deficiência cognitiva, auditiva e motora.
A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, bactérias, fungos ou parasitas. Dentre essas, a meningite bacteriana é a mais grave. Segundo o Dr. Fábio Argenta, diretor médico da Saúde Livre Vacinas, a vacinação se destaca como a principal estratégia de prevenção contra essa doença, que pode afetar pessoas de todas as idades, mas é especialmente perigosa para crianças pequenas, adolescentes e adultos jovens. “As meningites mais comuns no Brasil são em primeiro lugar a Meningite C e em segundo a Meningite B, mas os sorogrupos W e Y apesar de serem menos comuns podem causar surtos, e a melhor forma de prevenir é através da vacinação. A doença pode afetar pessoas de todas as idades, mesmo com diagnóstico precoce e tratamento adequado com antibióticos, a doença pode progredir rapidamente”, comenta.
Foi o que aconteceu com o pequeno João Marcos, hoje com 7 anos, que foi diagnosticado com meningite meningocócica B, com apenas 56 dias de vida. Sua mãe Suelen Rosalino e esposo Marcos Rosalino, fundadores da ABCM – Associação Brasileira de Combate à Meningite, não tinham ciência da gravidade da doença. Em menos de 24 horas no hospital, o filho do casal foi encaminhado para UTI e permaneceu lá por mais de 100 dias lutando pela vida. Chegou a ter 1% de chance de sobreviver e as chances de sequelas eram enormes. “Mas, ele resistiu. Teve alta com traqueostomia, amputado transtibial da perna esquerda, metade e sola do pé direito, sem oito falanges distais das mãozinhas e com uma lesão no lóbulo frontal direito. Assim como não tínhamos informações e apoio especializado, vimos que muitas famílias também não tinham, então começamos a fazer marca textos falando sobre a doença, compartilhando nossa história e desafios nas redes sociais e trocando experiências com outros sobreviventes. As necessidades que chegavam à nós foram aumentando, até que as compartilhamos com alguns amigos e juntos abrimos a Associação Brasileira de Combate à Meningite”, conta Suelen.
Reconhecer os sintomas é crucial para buscar atendimento médico imediato, pois a doença pode evoluir rapidamente, resultando em complicações sérias ou até mesmo a morte. Os principais sintomas da meningite incluem febre alta, que geralmente surge de maneira abrupta, acompanhada de calafrios. Outra manifestação comum é a dor de cabeça intensa, frequentemente descrita como a pior dor já sentida pelo paciente.
A rigidez no pescoço é um sinal clássico da doença, dificultando a flexão e causando dor ao tentar inclinar a cabeça para frente. “Além disso, náuseas e vômitos podem ocorrer, muitas vezes associados à dor de cabeça. A sensibilidade à luz, conhecida como fotofobia, também é um sintoma frequente, tornando a exposição a ambientes iluminados desconfortáveis. Mudanças no estado mental, como confusão, sonolência ou dificuldade de concentração, podem indicar a gravidade da infecção”, explica Argenta.
A vacinação contra a meningite faz parte do calendário nacional de imunização, porém o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece cobertura para todos os tipos da doença. Na rede pública, estão disponíveis as vacinas contra a meningite C e ACWY, além das vacinas pneumocócica 10 e a Penta, que incluem proteção contra o Haemophilus influenzae tipo B (HIB), também causador de meningite. No entanto, para se proteger especificamente contra o tipo B da meningite, é necessário recorrer à rede particular de vacinação. “Nos últimos anos, com a divulgação de surtos de meningite, especialmente dos sorogrupos B e W, houve um aumento na procura pelas vacinas nas clínicas privadas. Esse movimento reflete uma preocupação com a cobertura limitada oferecida pelo SUS e o desejo por uma proteção mais completa para crianças e adolescentes”, comenta Argenta.
Com a vacinação, a taxa de mortalidade por meningite bacteriana diminuiu, entre crianças pequenas, que são mais vulneráveis à doença. Ela tem ajudado a controlar surtos de meningite, especialmente em áreas onde a doença era mais prevalente. “É uma medida essencial para salvar vidas, ao imunizar a população, especialmente crianças e adolescentes, reduz-se significativamente o risco de contágio e complicações graves, como danos neurológicos permanentes.
“Além de proteger o indivíduo, a vacinação contribui para a imunidade coletiva, limitando a propagação da doença e protegendo aqueles que, por condições de saúde, não podem ser vacinados. A imunização em massa é uma das ferramentas mais eficazes na luta contra a meningite e outras doenças infecciosas, salvando vidas e garantindo um futuro mais saudável para a sociedade”, finaliza.