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Afinal, o que é o Chester? Como é ele vivo? É cheio de hormônios? É peru ou frango? Confira curiosidades e mitos sobre a ave natalina

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Ele é popular na ceia de Natal dos brasileiros, mas muito mistério ronda sua origem antes de chegar à mesa. Por questões de mercado, a Perdigão costumava restringir bastante as informações disponíveis sobre o Chester. Isso fez surgir uma série de mitos.

Algumas características foram atribuídas a ele na internet: “transgênico”, “monstro”, “aberração”. Algumas diziam que ele não tinha cabeça ou que comia tanto a ponto de não conseguir se mexer. Outras explicações mais complexas também circularam: “pseudoanimais em tubos enormes cheios de líquidos semelhantes a placenta”, “bicho sem alma, sem coração… e sem cabeça”, galo com “quase 1 metro de altura”, “ave ‘doente’, com problemas mentais, que come 24 horas”.

O Chester, na verdade, é uma marca registrada. Trata-se de um frango maior que o convencional. É diferente do peru, que também é uma ave, mas de outra espécie. A ave foi lançada oficialmente no mercado brasileiro em 1982.

Afinal, chester é de qual espécie?

Chester é um animal, mas não é uma espécie diferente de ave, como o peru ou o avestruz, por exemplo. É a mesma espécie que o frango convencional.

“Raças diferentes”. Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), afirmo que é como o cachorro: existe o poodle e o pastor alemão; eles são diferentes, mas ambos são cães, da mesma espécie.

Ave foi criada em laboratório?

Em 1979, a Perdigão enviou dois técnicos aos EUA em busca de duas linhagens, uma de frango e outra de peru. O objetivo era diversificar os produtos e disputar mercado com o peru da Sadia. Na época, as duas empresas eram concorrentes; hoje, ambas pertencem à BRF.

Ave com mais peito, parte mais nobre do animal. De acordo com a Perdigão, foram feitos vários cruzamentos entre frangos com características específicas até se chegar a uma linhagem maior, com mais peito.

O Chester tem 70% da carne concentrada no peito e nas coxas, segundo a fabricante. Seu nome vem de “chest”, que significa peito em inglês.

Ele é transgênico?

O Chester foi criado por meio de melhoramento genético. O uso dessa técnica é muito comum na indústria de alimentos.

O melhoramento genético é empregado pelo homem há mais de 10 mil anos, desde o início da agricultura, e funciona da seguinte forma: são selecionados para cruzamento os animais ou plantas com as características desejadas —por exemplo, maior resistência a doenças, maior produção de carne etc.

A ideia é transmitir essas qualidades aos descendentes, criando uma “versão melhorada” da mesma espécie. Por exemplo, plantas mais resistentes à seca, vacas que produzem mais leite ou frangos com mais peito.

No melhoramento, a mudança acontece por meio do cruzamento entre membros da mesma espécie ou de espécies compatíveis. É diferente do transgênico, quando a modificação no código genético precisa ser feita por meio de intervenção em laboratório.

É cheio de hormônios?

Não são usados hormônios para crescimento do Chester nem das outras aves que consumimos, segundo o fabricante. Primeiramente, porque o uso é proibido pelo Ministério da Agricultura desde 2004.

Além disso, não haveria sentido, porque os animais são abatidos antes do tempo necessário para que as substâncias comecem a fazer efeito. Isso também tornaria a criação muito cara e não compensaria.

Segundo a Perdigão, a alimentação do Chester é 100% natural, baseada em milho e soja, sem “adição de qualquer tipo de medicamento, antibiótico ou hormônio anabolizante para aumentar o seu crescimento e desenvolvimento”.

A marca afirma que a ave é abatida com maior peso e depois de mais tempo do que o frango convencional. O tempo de criação ao abate é em média de 60 dias. Ela também é criada em granjas com maior espaço para seu crescimento.

Os animais sofrem?

Um mito comum a respeito do Chester é que, por ter o peito muito grande, o animal sofre durante a vida e não consegue nem andar. O cruzamento de diferentes tipos de frango pode, sim, gerar anomalias e levar ao sofrimento do animal. Porém, os próprios produtores teriam interesse em evitar isso: um animal que não consegue andar direito tende a comer e beber pouca água, prejudicando seu crescimento e desenvolvimento, o que causaria prejuízo.

“O Chester é um animal muito saudável. O diferencial dele é uma genética que foi aperfeiçoada e o cuidado que ele recebe nas granjas e na alimentação. No passado, a Perdigão alimentou essa aura de mistério, mas hoje a gente é muito transparente sobre nossas granjas e a forma como nossos animais são cuidados”, disse a empresa.

Como é um Chester vivo?

Poucas pessoas conhecem como é um Chester vivo. A BRF, dona da marca Perdigão, divulgou uma imagem nos últimos anos que responde ao mistério; confira:

Foto: BRF/Divulgação

Concorrentes do frangão

Outras marcas brasileiras vendem equivalentes ao Chester com outros nomes, normalmente chamados de aves natalinas ou frango especial. É o caso do Fiesta, da Seara, e do Supreme, da Sadia.

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