Em virtude da recente declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após o aumento de casos em diferentes países, a infectologista do São Cristóvão Saúde, Dra. Michelle Zicker, traz informações atualizadas sobre a monkeypox (mpox).
Em sua série histórica, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde, até o dia 15 de agosto, a cidade de São Paulo tinha 3.278 casos confirmados, com dois óbitos. A região central é a mais afetada, com 915 indivíduos infectados pelo vírus.
A mpox é uma doença viral zoonótica causada pelo vírus Monkeypox. Sua transmissão ocorre pelo contato direto com lesões na pele, fluidos corporais ou objetos contaminados de pessoas infectadas. Beijos, abraços, relações sexuais e o compartilhamento de objetos de uso pessoal são formas comuns de contágio. A transmissão também pode ocorrer por meio de gotículas, através do contato próximo prolongado entre o indivíduo infectado e outras pessoas.
Segundo a Dra. Michelle Zicker, “a transmissão do vírus exige atenção especial. Profissionais de saúde, familiares e parceiros íntimos estão entre os grupos com maior risco de infecção”.
Os sintomas da mpox incluem o surgimento de lesões na pele, que podem aparecer em qualquer parte do corpo, inclusive na região genital. Esses sintomas podem ser acompanhados de febre, dor muscular e cansaço. O diagnóstico é confirmado por meio de exames laboratoriais específicos.
“A evolução da doença costuma ser leve a moderada, com duração de 2 a 4 semanas. No entanto, é essencial que o diagnóstico seja precoce para evitar complicações”, explica a infectologista.
Tratamento e Prevenção
Atualmente, o tratamento da mpox se baseia em medidas de suporte clínico, que visam aliviar os sintomas e prevenir complicações. Embora não exista um medicamento específico para o vírus, a vacinação tem sido uma ferramenta importante na proteção de grupos de risco, como pessoas vivendo com HIV/aids e profissionais da saúde que tem contato direto com pacientes infectados ou análises laboratoriais.
Dra. Michelle ressalta que “a principal medida de controle é a prevenção. Evitar o contato com pessoas infectadas e seguir as orientações de isolamento são fundamentais para conter a propagação do vírus.”
Com o recente aumento de casos na África e a descoberta de uma nova cepa do vírus mpox, a OMS recomenda que todos os países intensifiquem seus esforços de vigilância epidemiológica, incluindo as Américas, onde a possibilidade de introdução dessa variante é real.
O caso confirmado de mpox deverá se manter em isolamento até que a erupção cutânea esteja totalmente resolvida, ou seja, até que todas as crostas tenham caído e uma nova camada de pele intacta tenha se formado.
Orientações para a pessoa infectada:
Não sair de casa, exceto quando necessário para emergências ou cuidados médicos de acompanhamento;
Contato com amigos, familiares somente em emergências;
Não praticar atividade que envolva contato íntimo;
Não compartilhar itens potencialmente contaminados, como roupas de cama, roupas, toalhas, panos de prato, copos ou talheres;
Limpe e desinfete (hipoclorito de sódio ou produto alcoólico) rotineiramente superfícies e itens comumente tocados, como balcões ou interruptores de luz, usando desinfetante acordo com as instruções do fabricante;
Use máscara cirúrgica bem ajustada quando estiver em contato próximo com outras pessoas em casa;
Higiene das mãos (lavar das mãos com água e sabão ou uso de produto para as mãos à base de álcool) deve ser realizada por pessoas infectadas e contatos domiciliares após tocar na lesão cutânea, roupas, lençóis ou superfícies ambientais que possam ter tido contato com a secreção da lesão;
Caso utilize lentes de contato, evite para prevenir possíveis infecções oculares;
Evite depilar áreas do corpo cobertas de erupções cutâneas, pois isso pode levar à propagação do vírus;
Se possível, use um banheiro separado das outras pessoas que moram no mesmo domicílio;
Se não tiver a possibilidade de um banheiro separado em casa, o paciente deverá limpar as superfícies como balcões, assentos sanitários, torneiras com desinfetante, depois de usar um espaço compartilhado. Isso inclui: atividades como tomar banho, usar o banheiro ou trocar bandagens que cobrem a erupção cutânea. Considere o uso de luvas descartáveis durante a limpeza se houver erupção nas mãos;
Evite a contaminação de móveis estofados e outros materiais porosos que não podem ser lavados colocando lençóis, capas de colchão, cobertores sobre essas superfícies;
A roupa suja não deve ser sacudida para evitar a dispersão de partículas infecciosas;
Cuidado ao manusear a roupa suja para evitar o contato direto com o material contaminado;
Roupas de cama, toalhas e vestimentas devem ser lavadas separadamente. Podem ser lavadas em uma máquina de lavar, se possível com água morna e com detergente; não é obrigatório o uso de hipoclorito de sódio;
Pratos e outros talheres não devem ser compartilhados. Não é necessário que a pessoa infectada use utensílios separados se devidamente lavados. A louça suja e os talheres devem ser lavados com água morna e sabão na máquina de lavar louça ou à mão;
Pessoas com mpox devem evitar o contato próximo com animais (especificamente mamíferos), incluindo animais de estimação em casa. Em geral, qualquer mamífero pode ser infectado com mpox.
Diante deste novo alerta sanitário, é importante se manter informado sobre a mpox e seguir as orientações dos órgãos de saúde. “O cenário atual exige atenção, mas com as medidas adequadas, podemos reduzir o risco de disseminação da doença”, conclui a Dra. Michelle Zicker.